Encontro 15 — Tipos de liderança em Design
- Marina Oliveira

- 19 de nov.
- 4 min de leitura
Um Croquete voltado para reflexões sobre liderança, escuta, cuidado e novas formas de conduzir times
No dia 23 de outubro de 2025 rolou a 15ª edição do Design Croquete, evento idealizado por Ana Ísis Moura que reúne a comunidade de design do Recife para trocar vivências, discutir desafios e repensar a prática profissional.
A edição aconteceu no Pingo Arte Café, com o tema “Liderança em Design”, e manteve a essência que faz do Croquete um espaço tão especial: acolhimento, boas conversas e rodas que valorizam a escuta e o tempo de cada pessoa.

Dessa vez, tivemos um momento extra que trouxe ainda mais leveza à noite: uma parceria com o projeto Pausa pro Hobby, iniciativa que promove encontros presenciais para experimentar hobbies manuais de forma leve e divertida, criando pausas reais na correria do dia a dia e ampliando a proposta do evento.
Rodas de Conversa
As rodas de conversa são o coração do Design Croquete. É ali que tudo acontece de forma leve, com trocas reais e espaço pra cada pessoa colocar um pouco da sua vivência na roda. Nessa edição, as perguntas giraram em torno do tema liderança e de como ela se manifesta de jeitos diferentes no dia a dia:
Qual foi a liderança que mais te marcou? E o que foi mais marcante dessa experiência?
Autogestão ao puxar processos é uma forma de liderança? E como fica quando quem lidera não tem todas as respostas?
De que forma o tipo de liderança impacta o resultado final dos projetos ou o clima do time? Você sente que modelos como OKRs, squads, chapters, ou mapas de perfil ajudam ou engessam a forma como o time trabalha?
Você já ouviu falar em liderança regenerativa ou outros modelos de liderança que focam em bem estar?

Liderança que marca
“Qual foi a liderança que mais te marcou?”
As respostas trouxeram lembranças boas e outras nem tanto. Teve quem falou de líderes que inspiraram pela escuta e pela forma de apoiar o time, e também quem lembrou de experiências marcadas pela ausência, pela falta de cuidado, de presença ou de clareza. No meio das falas, uma percepção se repetia: liderança é mais que um cargo. Ela aparece nos gestos do dia a dia, nas conversas sinceras e na disposição de estar junto. Às vezes, quem mais exerce liderança é justamente quem não carrega o título, mas abre caminhos pra que os outros cresçam.
Autogestão e o desconforto do não saber
Nesse momento da conversa, muita gente se identificou ao falar sobre o que acontece quando alguém, mesmo sem papel formal de liderança, acaba puxando o time pra frente. Tomar iniciativa, organizar processos, criar ritmo, tudo isso também é uma forma de liderar.
Entre as falas, surgiu um ponto importante: o desconforto de não saber tudo. Ainda existe a ideia de que liderar é ter todas as respostas, mas o que apareceu com força foi justamente o oposto: liderar é aprender junto. Como designer, percebo o quanto isso faz sentido. A gente trabalha em meio à incerteza o tempo todo, e talvez a liderança esteja justamente aí: em sustentar a dúvida, escutar o contexto e ajudar o time a construir clareza coletivamente.

Impactos e estilos de liderança
Quando o assunto foi o impacto da liderança nos times, as falas mostraram como o jeito de conduzir influencia tudo: do clima à qualidade das entregas. Houve quem lembrasse de ambientes leves, onde a autonomia é incentivada, e também de contextos onde o controle e a centralização travam o time.
Metodologias como OKRs, squads e chapters apareceram na conversa com o seguinte ponto de atenção: nenhuma ferramenta ou metodologia funciona se faltar clareza e confiança. O consenso foi de que liderar não é controlar o método, e sim criar condições pra que o trabalho aconteça bem, independente do método utilizado, garantindo que as pessoas consigam fazer o que sabem, com espaço pra errar, ajustar e crescer.

Liderança regenerativa
Quando o tema da liderança regenerativa apareceu, boa parte das pessoas comentou que nunca tinha ouvido o termo, mas se identificou com a ideia. Falamos sobre o quanto esse tipo de liderança ainda é raro em ambientes que valorizam apenas números, entregas e produtividade sem pausa.
Muitas vezes, esse modo de conduzir é desencorajado ou sufocado por culturas que associam liderança à cobrança e controle, e não ao cuidado e à presença. Mesmo assim, o assunto despertou interesse, porque trouxe à tona um tipo de liderança que busca restaurar o que foi desgastado, reconstruir confiança e criar espaço pra que as pessoas consigam fazer bem o seu trabalho sem se esgotar no caminho.
A ideia de regenerar apareceu como um contraponto à rotina acelerada. Em vez de manter o ritmo a qualquer custo, ela propõe reconhecer os impactos desse ritmo e criar formas mais sustentáveis de conduzir times, com pausas, escuta e reflexão.
No fim, ficou a sensação de que esse modelo de liderança não é utopia. Ele já começa a aparecer nas brechas, nas pequenas atitudes de quem decide conduzir com empatia mesmo em contextos que ainda resistem a isso.

Pausa pro Hobby!
No fim do encontro, tivemos um momento especial com o Pausa pro Hobby, iniciativa criada por Gabbe Barbosa e Erica França. A proposta é criar encontros presenciais pra experimentar hobbies manuais e viver um tempo diferente do que estamos acostumados no ritmo do trabalho.

Foi um momento leve e descontraído. Depois de tantas trocas sobre liderança, esse momento trouxe um respiro, uma lembrança de que a pausa também faz parte da nossa rotina criativa. E que é tão importante para nós, designers. A gente passa tanto tempo imerso em entregas, aprendizados e responsabilidades, que às vezes esquece do simples prazer de fazer algo só por gostar.
Nessa edição, o hobby foi a pintura em copo americano. Uma atividade manual, colorida e sem pressa, que colocou todo mundo num ritmo divertido.
Entre tintas, conversas e risadas, o Croquete terminou de um jeito muito legal: com todo mundo presente, leve e com as mãos ocupadas com algo que não precisava entregar nada a ninguém.




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